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O caso Marielle Franco e a Teia do Crime Político no Brasil

  • Foto do escritor: Gustavo de Castro
    Gustavo de Castro
  • 25 de jul. de 2023
  • 3 min de leitura



Desde a fatídica noite de 14 de março de 2018, o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes ecoa na sociedade brasileira como um exemplo gritante da violência política e da impunidade que permeia o país. Ao longo dos anos, as investigações têm revelado uma trama complexa


e bem orquestrada, envolvendo agentes poderosos e influentes. O que talvez não seja surpreendente para muitos é a presença de um alicerce financeiro e organizacional sólido por trás dos executores, que tinham ligações com setores da polícia do Rio de Janeiro e, curiosamente, com um certo clã que chegou ao poder em 2018.


Neste dia 24 de julho, Através de uma delação premiada, o Brasil finalmente passou a conhecer a identidade da pessoa que apertou o gatilho, ceifando a vida de dois seres humanos, que, cada um à sua forma e maneira, eram defensores da justiça social e dos direitos humanos no Brasil.


As investigações sérias, embora tardias, foram revelando de forma cada vez mais clara o perfil dos autores desse crime bárbaro. Policiais militares e bombeiros cariocas, com um histórico manchado por denúncias e condecorações duvidosas, parecem ter sido escolhidos a dedo para executar o plano macabro. O que mais choca é a desigualdade gritante entre suas modestas patentes e os luxos ostentados em suas casas, com mansões de dar inveja a magnatas, piscinas suntuosas e carros do ano. Tudo isso enquanto ganhavam salários de policiais, o que, convenhamos, jamais justificaria tal padrão de vida.


E não para por aí. Quando a Polícia Federal realiza buscas nas casas desses suspeitos, a "coincidência" se repete: a descoberta de um arsenal de armas e munições, algo completamente incompatível com o que se espera encontrar em residências de supostos assassinos. Essas revelações jogam luz sobre a possibilidade de existir uma rede de proteção que abriga esses indivíduos e fornece os recursos para a perpetração do crime, tornando ainda mais complexo o desafio de se fazer justiça.


Contudo, é preciso destacar que a resolução do caso Marielle Franco não se restringe apenas à prisão dos executores diretos. Ela transcende os muros das instituições e chega até os corredores do poder político, onde, suspeita-se, existem nomes famosos e poderosos que tremem de medo diante da possibilidade de terem suas ações criminosas expostas ao público. Se o governo Lula, ou qualquer que seja o governante, almejar resolver esse crime e trazer justiça para Marielle e Anderson, será um passo significativo na luta contra a impunidade no Brasil.


Ao lembrar dos tempos sombrios que pairaram sobre o país entre 2018 e 2022, percebemos que o sentimento de impunidade cedia espaço à indignação e ao desejo por mudança. A necropolítica, que se traduziu em uma crise sem fim, omissão diante de uma pandemia, fome para milhões de brasileiros e desrespeito aos princípios democráticos, foi o cenário em que se perpetuaram os desmandos e a crueldade. Um castelo de cartas que desmoronou e evidenciou a conexão entre a violência política e o desprezo pela vida humana.


As manifestações de ódio e desprezo por Marielle Franco e tudo que ela representava, que surgiram tão rapidamente após sua morte, também ecoam nessa teia sinistra que envolve o crime político no Brasil. A voz que Marielle levantava em defesa dos direitos humanos, das minorias e contra a violência estatal incomodava muitos interesses, e sua morte tornou-se um exemplo trágico da luta por um país mais justo e igualitário.


Enquanto as investigações avançam, a sociedade não pode se esquecer da importância de se manter vigilante e exigir que os responsáveis por esse crime sejam levados à justiça, não importando quão poderosos e influentes eles sejam. Marielle Franco e Anderson Gomes merecem justiça, e o Brasil precisa romper os laços nefastos que permitem que a impunidade e a violência política se perpetuem. Só assim poderemos avançar rumo a um país mais justo, onde vidas não sejam ceifadas impunemente, e a esperança possa florescer.


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Luiz Gustavo Saboya de Castro Mota é advogado em Teófilo Otoni – MG. Sócio fundador do escritório Saboya de Castro & Cimini Consultoria Jurídica. Mestrando em Filosofia e Ética pela UFVJM. Especialista em Direito Constitucional e Gestão Pública pelo IFNMG. Ex-Conselheiro da OAB. Instagram @eugustavodecastro




1 Comment


Kalil Lauar
Kalil Lauar
Aug 02, 2023

Sensacional.... 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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