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O SER INVISÍVEL QUE VOCÊ É

  • Foto do escritor: Dino Santos
    Dino Santos
  • 23 de out. de 2022
  • 4 min de leitura

Quando se pesquisa sobre a invisibilidade social, logo a gente vê inúmeros sites falando acerca de um conceito aplicado a seres socialmente visíveis, sejam pela diferença ou pelo preconceito.


Quando a gente fala de diferença ou preconceito é preciso enfatizar alguns fatores antes. O primeiro deles é diferentes em quê?E o segundo, preconceito com quem?


Ao falarmos de diferença é bom entender o contexto do mundo atual. Um mundo altamente capitalizado, onde leva consigo o slogan fordista tempo é dinheiro ou, se você for americano, “time is money”.


Ou seja, quanto mais tempo se tem sendo produtivo, menos tempo se tem livre.


Afinal, nos dias atuais, a busca incontrolável por preenchimento, seja material ou emocional, sempre reflete em casos como


"Com mais dinheiro conseguirei ser mais feliz. Conseguirei ter o que eu sempre sonhei.”

Certo, esse assunto em específico fica para um texto futuro. Voltemos para para o raciocínio principal.


Com toda essa busca pelo prazer não monetário e com o mundo altamente capitalista, as desigualdades vieram muito fortes.


E os invisíveis sociais, na qual os artigos falavam, eram exatamente os deslocados do que atualmente consideramos um estilo de vida “normal”. Que haja muitas aspas nesse “normal".


Quando falo de invisíveis, eu falo de moradores de rua, pessoas carentes, trabalhadores de baixa renda e etc.


E essa invisibilidade meio que reflete muito naquela questão do quando você vê um morador de rua, você tenta ajudar ou apenas ignora?


Eu seria muito hipócrita se dissesse que eu tento ajudar. Claro, não é como se eu nunca tivesse ajudado nenhum. Mas dizer que eu estou sempre disposto também não é verdade.


Enfim, não é algo que eu queira focar nesse texto. Eu apenas queria deixar você pensar nisso.


O problema é que não existem apenas esses invisíveis sociais. Na verdade, eu ousaria dizer que, na real, existem dois tipos de pessoas invisíveis:


Os invisíveis pela condição, que seriam os que eu falei agora pouco. Pessoas que, em detrimento de sua condição atual, acabam ficando a par da sociedade que entende como ser humano e entende como pessoa alguém que contribua de forma positiva.


Como exemplo na cultura cinematográfica é o próprio Coringa. Uma pessoa que nunca foi feliz, sempre foi humilhado e esquecido pela sociedade. Afinal, ele era apenas mais um estranho esquisito, abusado e um comediante frustrado e sem graça.


E quando a bomba explode, ou seja, quando todos os sentimentos negativos dele vão à tona em prol dessa sociedade doente, ninguém quer assumir a responsabilidade que o criou. Claro, o Coringa não é nenhuma vítima, mas não se pode dizer que ele também é o único culpado.


Porém, e se eu dissesse que não são só eles?

Se eu dissesse que eu sou invisível, que você também é e que, no fundo, todos nós somos invisíveis?


E bem antes que você me ache maluco, eu acho que isso pode ficar um pouquinho mais interessante.


Quando eu falo que eu, você e todo mundo também pode ser invisível, eu quero que você relembre sua rotina. Você acorda, vai para o trabalho, volta do trabalho, almoça, estuda, passa um tempo, janta e depois você dorme.


Então você repete seu mesmo ciclo, pelo menos umas 200 vezes no ano. Claro que essa rotina é para o caso de você for um trabalhador, ou se você for um estudante. Nesse meio tempo você passa por muitas pessoas.


Seja aquele motorista de ônibus do seu horário, seja o zelador ou cozinheiro do seu espaço de trabalho ou estudo, ou até mesmo o porteiro do seu condomínio.


E é engraçado que se eu te perguntar pelo menos o nome de uma ou duas dessas pessoas, provavelmente você não saberá me dizer. São quase sempre as mesmas pessoas, sempre nos mesmos locais, mas a gente sequer sabe os nomes delas.


Eu quero deixar claro que eu não estou dizendo que você precisa saber. Não é como se eu estivesse lhe dizendo que você não está agindo de maneira correta apenas por não conhecer as pessoas ao seu redor. Não, não é esse meu ponto.


O ponto que eu quero chegar é que, assim como as pessoas são praticamente invisíveis para você, o mesmo também é recíproco. Elas também vêm em você todos os dias e sequer sabem o seu nome, sequer sabem o que você faz e minimamente sabem qual é o som da voz.


Você é invisível, cara! Ela é invisível!

E eu? Seria minimamente engraçado dizer que eu consigo me enxergar nessas horas, sabe?


Pensar nessas coisas me fazem perceber o quão perto eu vivo das pessoas, mas o quão “esse perto” parece longe às vezes. Muitas vezes vivemos assim por conta de uma zona de conforto.


Fazendo uma analogia bem boba, da mesma forma que o nosso cérebro ignora o nosso nariz para que evite desconforto e tonturas, afinal, o nosso nariz é para o nosso ponto fixo de espaço. Parece que o mesmo acontece com as pessoas ao nosso redor.


Esse conforto que vivemos apenas focados em passar por um ciclo acaba nos prendendo tanto que quando nos damos conta, estamos em outubro de 2022 falando que o tempo voou demais, sem nem perceber que atualmente passamos a nos comportar de forma tão automática que qualquer sensação que era prazerosa e nova para a gente agora apenas faz parte de mais uma rotina interminável.


E antes que você ache que eu vou começar a falar sobre viva a sua vida, saia desse ciclo, comece a ser uma pessoa visível, pode ficar tranquilo, porque nem eu mesmo consegui sair disso.


Eu não posso dizer que eu dou um bom dia a todo mundo porque eu não dou. Não posso dizer que eu sei o nome de todo mundo, porque eu também não sei.


Esse texto, no fundo, é uma bronca de mim para mim mesmo, meio que um puxão de orelha, dizendo pra mim mesmo que eu preciso começar a mudar alguns hábitos do dia a dia.


E como eu amo compartilhar meus pensamentos e vida com vocês, eu achei legal falar sobre isso também, afinal, não custa nada fazer você refletir um pouquinho.



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