QATAR 2022 - O MUNDIAL AMALDIÇOADO
- Jon Kokura
- 24 de nov. de 2022
- 4 min de leitura

"O que começa mal termina mal" dizia a minha avó, que era sábia e muito bonita.
12 anos atrás, em dezembro de 2010. Joseph Blatter, presidente da FIFA nesses anos anunciava que o Mundial de 2022 ia ser jogado no Qatar.
Os únicos que pularam dos seus lugares felizes como pintos no lixo foram os membros da família Al Thani. São os mestres e senhores do Qatar.
Este pequeno território metido no Golfo Pérsico, com uma única fronteira terrestre, com a Arábia Saudita, com a qual se dão bastante mal. O Qatar está sentado sobre a terceira reserva de gás e petróleo do mundo. Sua população é de 250.000 cataris. E 2.750.000 trabalhadores imigrantes... Sim, 80% da população são estrangeiros.
No Qatar a palavra democracia é uma piada de mau gosto.

Lá, quem corta queijo é a família real Al Thani. E o Sheik Tamim Bin Hamad Al Thani de 42 filhos e três lindas esposas... por enquanto.
Como são os donos do Qatar, o seu patrimônio ronda os 350 bilhões de dólares. E como já não sabem o que fazer com tantos petro-dólares, além de construir edifícios fastuosos, no deserto e comprar clubes de futebol, PSG entre outros.
Alguém sugeriu que financiassem ONGs que trabalham alimentando as crianças famintas do mundo... mas não lhe deram bola. Um dia, os homens da família Al Thani (as mulheres não podem dizer nem pio) disseram: "E se comprarmos o mundial de futebol 2022?"
"Dá-lhe!" responderam todos... E eles compraram um mundial de futebol.
Saiu barato. Pagaram um milhão de dólares a certos delegados da Concacaf (América Central). Um milhão e meio a outros da Conmebol (América do Sul). Um par de milhões aqui e outro ali... Dizem que o crack do futebol francês Michel Platini, que lhes dava de virgem, casto e puro, ganhou 7,5 milhões de dólares. E "il capo di tutti i capi"(o chefe de todos os chefes), o argentino Julio Grondona (falecido em 2014) embolsou 10 paus verdes por dar sim ao Qatar 2022.
Imediatamente, a realeza catarí começou a trabalhar. Tinham de construir estádios de futebol num "país" onde ninguém jogava futebol. O projeto original era de 12 estádios. Ficaram em 8 um deles destacável, que vão "doar" a algum país onde se joga futebol. Se você, tem no seu bairro, um campinho de vázea, escreva ao Emir do Qatar. Quem sabe eles dão-lhe o estádio destacável?
A questão foi que para construir os 8 estádios, hotéis, aeroporto, autoestrada, shoppings, precisaram de mão de obra barata, muito barata... e isso porque eles estão cheios de dólares. E eles levaram trabalhadores imigrantes por atacado.
Num sistema de escravatura chamado "Kafala" e que consiste em dar todo o poder a um administrador (negro) para contratar imigrantes, os explorar e retendo os seus passaportes. Fazendo-os viver amontoados e com jornada de trabalho de até 18 horas por dia. Sem direito a lazer e muito menos mudar de emprego.
Sem esse sistema perverso, construir o que foi construído no Qatar, com temperaturas que variam de 30° a 50° na sombra era impossível. Desde 2010, uma média de 12 operários por semana morreu durante o trabalho. Um total de 6.751 trabalhadores imigrantes morreram para você;
"Viva o futebol!"
Isto sem contar com os trabalhadores do Quênia e das Filipinas, onde não se mantêm registros migratórios. Os números de mortos fornecidos por relatórios do The Guardian, da BBC (Inglaterra) e da Anistia Internacional são os seguintes: Índia 271, Nepal 1641, Bangladesh 1018, Paquistão 824, Sri Lanka 557.
Foram construídos 8 estádios espetaculares, mas manchados de sangue. Eles estão tão perto um do outro, que se você é bom para andar de bicicleta percorre-os todos, em pouco mais de meio dia.
Recentemente, no Irã, uma mulher de 22 anos, Mahsa Amini morreu nas mãos da polícia por usar "mal o véu". Ela teria sido acusada de infringir o rígido código de vestimenta feminino ao deixar uma mecha do cabelo aparecer. Isso causou uma onda de protesto no Irã e no mundo inteiro.
Como se no Qatar as mulheres pudessem se vestir como lhes cantam os ovários. Como se tivessem o direito de decidir por si mesmas. Como se eles pudessem jogar futebol. O lado feminino da FIFA cresce dia após dia. As ligas de futebol feminino estão ficando mais populares. Mas o mundial 2022 vai ser feito em um território, onde as mulheres estão proibidas de praticar esportes. Entre muitas outras coisas.
No Qatar, sobre a jornalista mexicana Paola Schietekat, que trabalhava para o mundial, pesa uma condenação de sete anos de prisão, mais cem chicotadas, datada de 19 de fevereiro de 2022. Por ter denunciado um colega colombiano que a violou em território catarí. O estuprador era casado, então a mulher estuprada é a culpada. Segundo a "Shaira" lei islâmica que "controla" as mulheres.
Um mês vai durar o mundial de 2022
30 dias em que as usinas cataris estarão funcionando perfeitamente para manter o ar condicionado em todos os 8 estádios, hotéis, centros turísticos e comerciais. Jogando fumaça poluente no ar, equivalente a 10.000 carros jogando poluição sem filtro por hora. Tudo pela festa do futebol... Porque esporte é saúde, viu?
Mas há uma sombra mais sinistra sobre o Qatar 2022. A possibilidade latente de ataques terroristas.
Muçulmanos, não esquecem, nem perdoam... mesmo que digam sim. A família real do Qatar financiou facções terroristas obscuras na Síria, Iraque, Afeganistão e Líbia. Na Líbia, financiaram os terroristas que assassinaram o líder Muammar Kadhafi em outubro de 2011. Por que não arruinariam a "festa" da realeza pro yankee catarí?
Ninguém fala disso... Todo mundo cruza os dedos, implorando que nenhum muçulmano suicida se faça de mártir, voando no meio de um monte de gente. Como aconteceu em 2021 no aeroporto de Cabul.
Na Europa, o mundial do Qatar é chamado de "O mundial da vergonha". Há uma jogada em cidades francesas para não colocar telas gigantes em lugares públicos em Paris, Marselha, Bordeaux, Estrasburgo, Lille, etc. É uma forma de protesto contra um mundial de futebol que tirou a vida e os sonhos de milhares de trabalhadores imigrantes, que ninguém se importou. Por 8 estádios fastuosos. Que durante 30 dias estarão cheios de torcedores. E vazios para toda a eternidade. Por um capricho da família Al Thani, que 2010 comprou um mundial de futebol.
Num mundo em crise, com milhões de pessoas deslocadas pela fome e com fome. No vértice de uma guerra nuclear.
Viva o futebol!
Fonte: https://www.fraczinet.cl/
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